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A conta do populismo chegou

A conta do populismo chegou

cerca de um ano o Brasil começava de maneira mais intensa a mergulhar no processo eleitoral com duas claras forças opositoras em ação.

De um lado, o mandatário Bolsonaro tentando uma reeleição contra o óbvio desgaste de quatro anos tentando construir uma imagem para dialogar com uma parcela importante da população, mas que não parecia suficiente para lhe dar o segundo mandato.

De outro, o pragmático Lula, que ao longo do processo se consolidou como o candidato anti-Bolsonaro com mais viabilidade eleitoral e, com isso, engoliu todos os demais formando uma frente ampla e bem diversa contra o então Presidente.

Bolsonaro, com a máquina na mão, fez seu jogo político e populista: desonerou o ICMS dos combustíveis na marra, com o apoio do Congresso Nacional, acenou com emendas e cargos para o chamado “centrão” (uma parcela do congresso que muda de lado conforme o governo de plantão) e aumentou as transferências para municípios e estados em um volume nunca antes visto.

O custo financeiro desses movimentos foi se estabelecendo e apareceu em 2023 como um déficit orçamentário federal gigantesco, e com óbvios reflexos nas contas de estados e municípios, que já começam a enfrentar dificuldades financeiras. Bolsonaro gastou e deixou a conta para o Lula pagar.

Lula, por sua vez, fez promessas a todos que podia. No caminho para a eleição, aglutinou partidos e, após sua vitória, teve que acomodá-los na máquina do governo: criou ministérios, aumentou seu arco político de alianças, acenou para empresários e banqueiros com promessas de programas federais de estímulo à economia e prometeu que as empresas estatais sairiam da era do lucro financeiro aos seus acionistas para voltarem a “servir à nação” como seu propósito maior.

Emplacou aprovações muito importantes no Congresso Nacional, como a aprovação da nova regra fiscal de contenção de déficit (o chamado arcabouço fiscal) e a primeira etapa da Reforma Tributária. Acumulou vitórias, mas a conta seguiu crescendo.

Enquanto tudo isso acontece, todos os convidados para a festa do governo de União esperam algo na dimensão financeira. O mundo espera do Brasil uma agenda de reequilíbrio das contas públicas, com corte de gastos e investimentos em diversas áreas que precisam melhorar a oferta de serviços ao cidadão.

Os servidores públicos esperam reajustes e os políticos esperam mais recursos para aumentar seu prestígio nas bases, lembrando que em 2024 teremos as eleições municipais.

Os empresários esperam a retomada do crescimento econômico e a população em geral espera a queda da inflação e dos altíssimos juros cobrados em nosso país para poder voltar a viver uma era de prosperidade econômica.

Tudo isso faz o governo precisar de mais recursos, que temporariamente podem até vir na forma de apoio financeiro de outros países a projetos brasileiros como os de infraestrutura e de apoio à economia verde, mas para aumentar os gastos a saída conhecida é uma só: aumentar impostos para financiar a máquina cada vez mais pesada.

O resumo da ópera é o seguinte: a conta da festa chegou. E muito provavelmente será paga por todos nós.

Gustavo de Oliveira é empresário em Cuiabá-MT

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