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Trajetórias de Vida e Mulheres na sociedade

NEILA BARRETO

Trajetórias de Vida e Mulheres na sociedade

Durante a II Conferência Internacional de Mulheres, realizada em 1910 na Dinamarca, em um dia de 08 de março, a famosa ativista pelos direitos femininos, Clara Zetkin, propôs que o dia fosse declarado como o Dia Internacional da Mulher, homenageando as tecelãs de Nova Iorque - USA. Em 1911, mais de um milhão de mulheres se manifestaram na Europa. A partir daí essa data começou a ser comemorada no mundo inteiro.

 

Seguindo a história de inúmeras reivindicações femininas podemos aqui citar um trecho escrito em 31/03/1776 por Abigail Adams destinada ao seu marido John Adams, constituinte norte-americano, depois segundo presidente dos Estados Unidos, que dizia “...no novo código de leis que vós estais redigindo, desejo que vos lembreis das mulheres e sejais mais generosos e favoráveis com elas do que foram vossos antepassados...

 

Se não for dada a devida atenção às mulheres, estamos decididas a fomentar uma rebelião, e não nos sentiremos obrigadas a cumprir leis para as quais não tivemos nem voz nem representação”.

 

Duzentos e quarenta e sete anos depois as palavras de Abigail Adams são verdadeiras e atuais, apesar das poucas conquistas conseguidas no mundo.

 

Foi no século XIX nos Estados Unidos que iniciaram as primeiras manifestações organizadas a favor dos direitos da mulher e, depois repercutiram pelo mundo. Na Inglaterra, o movimento teve inicio a partir da década de 1860 com John Stuart Mill que escreveu “A Sujeição das Mulheres, ” dando início a reivindicação do voto feminino.

 

No Brasil a história das mulheres ecoa na voz de Nísia Floresta (1809-1885), abolicionista, republicana e feminista nascida no Rio Grande do Norte, lutou pela educação feminina, pela condição de dependência em relação aos homens, em parceria com a baiana Violante Bivar e Velasco.

 

Em Campanha – MG, a professora Francisca Senhorinha da Motta Diniz fundou o jornal feminista “O Sexo Feminino”, para reivindicar melhores condições de vida às mulheres.

 

No Brasil, a bióloga Bertha Luz, em 1918 propôs a criação de uma associação de mulheres objetivando acolher todas as reivindicações a favor das mulheres. Em resposta é criada em 1922, no Rio de Janeiro-RJ, a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, sob a liderança dela.

 

Em Mato Grosso, mais precisamente em Cuiabá, muitas mulheres fizeram história que quebraram barreiras em áreas até então predominantemente masculinas tais como: Des. Shelma Lombardi de Kato, a primeira magistrada, primeira Corregedora Geral de Justiça e primeira desembargadora de Mato Grosso; Des. Maria Helena Póvoas, primeira mulher a presidir a Ordem dos Advogados do Brasil - seccional Mato Grosso; Professora Luzia Guimarães, a primeira reitora mulher da Universidade Federal de Mato Grosso e primeira presidente do Conselho Regional de Contabilidade; drª. Leila Conceição da Silva Boccoli, a primeira Juíza Presidenta do Tribunal Regional do Trabalho da 23a Região Mato Grosso; Madalena Rodrigues dos Santos Vieira, fundadora e Coordenadora do Núcleo de Estudo, Pesquisa e Organização da Mulher – NEPOM/UFMT desde 1992, Marilza Ribeiro, primeira presidente da Associação de Mulheres de MT, a primeira vereadora em Mato Grosso, por Cuiabá – Estevina do Couto Abalem, primeira prefeita de Mato Grosso, Ligia Borges, por Rosário Oeste, primeira prefeita de Várzea Grande – Sarita Baracat de Arruda, Miedir Santana da Silva, primeira delegada da Mulher, Nilza Queiroz Freire – primeira presidente mulher da Academia Mato-grossense de Letras, Elizabeth Madureira Siqueira, primeira presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso – IHGMT, Maria Barata Corrêa da Costa – primeira dentista de Cuiabá, entre outras.

 

No passado tivemos a heroína da Guerra do Paraguai, baronesa do Forte de Coimbra, Ludovina Alves de Albuquerque Portocarrero; a religiosa, educadora e desbravadora madre Marta Cerutti; a primeira poetiza do Estado de MT, Arlinda Pessoa Morbeck; a primeira funcionária pública, Maria Dimpina Lobo Duarte; a professora, escritora e política Maria de Arruda Muller; a guerrilheira Jane Vanini; a pianista, musicista, compositora, literata, historiadora e contadora Dunga Rodrigues, a parteira Dona Micaela de Souza; a vereadora que mais tempo permaneceu no mandato, seis mandatos consecutivos, Maria Nazareth Hahn; a empresária e comunicadora Maria Antonieta Reis Coelho, responsável pela implantação e instalação da Televisão em Mato Grosso, a televisão “Centro América, a professora Bartira Mendonça.

 

As mulheres do Grêmio Literário Júlia Lopes, criado em 1916, Maria Helena Póvoas lembrou das mulheres que criaram o Grêmio em novembro de 1916, voltado para o incremento da produção literária.

 

Elas promoviam palestras culturais na capital de Mato Grosso e publicaram a revista ‘A Violeta’, que cumpriu papel importante na história cuiabana. São elas: Leonor Borralho; vice-presidente Maria Luíza Pimenta; primeira secretária Maria Ponce de Arruda; segunda secretária Maria da Glória Figueiredo e tesoureira Maria Dimpina de Arruda Lobo. As redatoras do periódico foram Thereza de Arruda Lobo, Regina da Silva Prado, Mariana Póvoas e Bartira de Mendonça.

 

Considerada a Chiquinha Gonzaga mato-grossense, Bartira era irmã de Rubens de Mendonça. "A casa dela, e eu tenho orgulho de dizer que a frequentei, era povoada de crianças, embora ela não tenha tido filhos. As crianças iam buscar suas aulas de piano, violão, pintura, e ela era realmente uma compositora, uma artista plástica, uma mulher super versátil, mas que foi esquecida inclusive pela família, porque na década de 30 teve a ousadia de separar-se do marido e unir-se a outro homem. Bartira de Mendonça foi a nossa Chiquinha Gonzaga", lembra a desembargadora.

 

A primeira prefeita do município de Várzea Grande, Sarita Baracat, também foi lembrada por Maria Helena Póvoas. Ela foi professora, foi a primeira deputada estadual de Mato Grosso e presidente do PMDB local. "Ela esteve ali, lado a lado com forças masculinas muito vigorosas naquele município", finalizou a desembargadora. Ela lembrou, por fim, das ex-vereadoras por Cuiabá Maria Nazaré Hans e Estevina do Couto Abalem (1951), as primeiras parlamentares da Capital de Mato Grosso.

 

A primeira senadora de Mato Grosso, Serys Marly, a primeira deputada federal, Teté Bezerra, a primeira secretária de Estado de Mato Grosso, Horminda Pitaluga de Moura, a primeira presidente mulher da Câmara Municipal de Cuiabá, Ana Maria Couto (May), a primeira mulher deputada em Mato Grosso, Olívia Enciso, a primeira deputada Constituinte do Estado, Thaís Bergo Duarte Barbosa, a primeira deputada estadual após a divisão do Estado, Sarita Baracat de Arruda que, também, ocupou um assento na mesa da Assembleia Legislativa, Iracy Moreira França que ocupou a governadoria do Estado de Mato Grosso e, hoje, Janaína Riva, uma estrela reluzente na Casa parlamentar estadual, sem deixar de lembrar um trio jovem e atuante no parlamento municipal, ocupado por Michelly Alencar Neves, Maysa Leão e Edna Sampaio e todas as mulheres que deram continuidade a esta conquista do espaço feminino na política.

 

As anônimas que compõem o espaço urbano da cidade de Cuiabá como Maria Taquara, Mãe Bonifácia, Preta, e outras infinidades de Marias que lutam pela sobrevivência no seu dia-a-dia, nas feiras, no lixão, nos bairros, nos movimentos comunitários, nos movimentos de solidariedade, nas empresas privadas, como as empresárias Zilda Zompero e Silvia Lino, ambas construtoras e empreendedoras dos seus próprios espaços. A jornalista Maria Teresa Carrión Carracedo, no mercado Editorial Mato-grossense, e muitas outras.

 

Neila Barreto é jornalista, mestre em História e membro da AML.

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