Preço da cesta básica prejudica população de Cuiabá: "está absurdamente alto"

Mesmo com o preço da cesta básica oscilando em torno de R$ 700, os consumidores ainda enfrentam dificuldades na hora de fazer os cálculos e colocar comida à mesa. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa da Fecomércio (IPF/MT), o preço da cesta básica apresentou um leve crescimento no comparativo entre junho e julho, na ordem de 1%.

O preço da cesta básica, que é composta por 13 produtos necessários para o sustento de uma família de até 4 pessoas, saiu de R$ 699,29 em junho para R$ 705,69. Os alimentos que mais recuaram foram a batata e o tomate, que apresentaram uma queda de 21,86% e 24,48%, respectivamente.

Entretanto, a queda não foi suficiente para derrubar o preço total da cesta, pois outros produtos subirem na mesma proporção. Os vilões do mês foram o leite, com alta de 25%, e a manteiga, que subiu 24%.

Evellyn Fernandes, mãe de uma criança de 3 anos e líder de vendas de uma empresa em Cuiabá, afirma que está difícil não se assustar quando vai às compras. O que mais pesa no orçamento é o leite, que não pode faltar devido à pequena em crescimento.

“O leite está com um preço absurdo. Ontem precisei comprar uma caixinha, estava R$ 9,68, isso em mercado de bairro. No atacado, eu fui comprar e estava R$ 8,99 da última vez. Feijão também está muito caro, é uma coisa que a gente consome bastante e o preço está absurdamente alto”, conta.

Arroz não é uma preocupação na casa de Evellyn, já que ela mora apenas com a filha, mas o consumo da carne está sendo “regrado”. Comer fora de casa, então, está fora de cogitação. A solução, explica, é todo dia fazer algo diferente, com outras proteínas ‘mais em conta’ para não pesar tanto o orçamento.

“A questão agora é cada dia fazer uma coisa diferente, não só carne todos os dias, pois não está dando para comprar todos os dias o mesmo tipo de carne”, resume.

E não é só a comida que está cara. Produto de limpeza é outra categoria de itens que vem tomando cada vez mais espaço no orçamento doméstico. De acordo com Evellyn, um pacotinho de sabão em pó de 500 gramas, por exemplo, era comprado no mercado há alguns meses por R$ 4,99. Hoje, o mesmo produto já é encontrado por R$ 11,99. Detergente, amaciante e outros itens de limpeza também aumentaram bastante de preço, chegando a dobrar em alguns casos.

“São esses itens básicos que vão na cesta básica do mercado que não dá para você comprar tão fácil. No atacado, às vezes pode ser mais em conta, mas é pouca a diferença. Eu tento ver qual compensa mais, porque normalmente está quase o mesmo valor, só que o mercado de bairro ainda está extremamente caro”, conclui.

Fatores climáticos mexem com preços

O Instituto de Pesquisa da Federação (IPF/MT) aponta que 7 dos 13 itens que compõem a cesta básica apresentaram aumento, com destaque para o leite e a manteiga. Segundo analistas do IPF, os fatores climáticos foram os principais influenciadores, tanto para a redução do preço do tomate e batata, como pelo aumento do preço do leite.

“No entanto, o fator climático também pressionou ainda mais a cadeia do leite, que além do período de entressafra, apresenta crescimento nos custos de produção há alguns anos, o que gerou uma composição de aumento nos preços dessa cadeia”, afirmam os analistas do IPF, ao Estadão Mato Grosso.

Ainda segundo o IPF, outros fatores também influenciaram a variação de preços no Brasil, em especial a guerra no Leste Europeu, que tirou a Rússia e Ucrânia do comércio mundial de commodities. Somado a isso, os custos logísticos de alimentos produzidos fora do estado também pesam nos preços.

Fonte: Estadão Mato Grosso