Mercosul e UE concluíram "as negociações para um acordo" de livre comércio, segundo anúncio da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen
O Mercosul e a União Europeia concluíram, nesta sexta-feira (6), "as negociações para um acordo" de livre comércio, segundo anúncio da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
"Este é o início de uma nova história. Espero agora poder discuti-lo com os países europeus", afirmou Von der Leyen na rede social X, enquanto participava de uma coletiva de imprensa com os presidentes de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai em Montevidéu para anunciar o acordo, após 25 anos de negociações.
O tratado é um acordo comercial que a União Europeia deseja concluir com os países da América do Sul. As negociações começaram em 1999, e o tratado pretende eliminar a maioria das tarifas entre as duas regiões, criando um espaço de mais de 700 milhões de consumidores.
Criado em 1991, o Mercosul (Mercado Comum do Sul) reúne cinco países: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e, desde 2023, a Bolívia. A Venezuela está suspensa desde 2016. O tratado UE-Mercosul, no entanto, não inclui nem a Venezuela, nem a Bolívia.
Com a mudança, esses países sul-americanos poderão exportar carne, açúcar, arroz ou mel para a Europa. E a UE pode exportar veículos, máquinas ou produtos farmacêuticos.
As empresas dos dois continentes, com acesso a 270 milhões de consumidores para os grupos europeus e 450 milhões para as empresas sul-americanas.
O setor agrícola sul-americano pode ser beneficiado pelo tratado, ainda mais levando em consideração que Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai exportaram produtos agrícolas e agroalimentares no valor de US$ 24 bilhões (R$ 144 bilhões) para a UE em 2023, em particular soja.
Por sua vez, a Comissão Europeia afirma que o acordo representa uma oportunidade para produtos europeus como vinho (que atualmente tem uma tarifa de até 27%), licores ou queijos, que podem ser beneficiados por uma "ascensão da classe média".
O governo espanhol, que apoia o acordo, destaca os benefícios que o tratado poderia proporcionar para o vinho ou o azeite de oliva. A Alemanha espera vender mais veículos.
Além disso, o desafio da transição climática empurra a Europa a uma aproximação com esta região do mundo, rica em lítio, cobre, ferro e cobalto, entre outros.
Os criadores de gado franceses estão preocupados, assim como os sindicatos agrícolas espanhóis e de outros países europeus. "A pecuária francesa não conseguirá competir com a brasileira", disse o economista Maxime Combes, contrário ao tratado.
Em relação ao respeito às normas ambientais e de segurança alimentar, "há uma dificuldade real para acompanhar o rastreamento de cada animal, não conseguimos rastrear" porque vem de uma região do mundo com regras menos rígidas, acrescenta.
O acordo prevê cotas de exportação de 99 mil toneladas de carne bovina e o fim de todas as tarifas alfandegárias sobre 60 mil toneladas de carne importada do Mercosul.
A Comissão Europeia afirma que são "volumes pequenos" porque as cotas previstas representam apenas 1,6% da produção anual de carne bovina na UE.
Outro prejudicado pelo acordo pode ser o clima. A França pressiona para que o tratado inclua os dispositivos do Acordo de Paris sobre o Clima e que os compromissos assumidos na questão climática sejam vinculantes.
O Brasil pede proteção para indústrias que considera estratégicas, como a automotiva.
fonte diariodonordeste
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