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"Prefeita de Várzea Grande expõe guerra política com presidente da Câmara após recusar indicação para Saúde"

"Prefeita de Várzea Grande expõe guerra política com presidente da Câmara após recusar indicação para Saúde"

 

A prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), revelou publicamente os bastidores de um conflito aberto com o presidente da Câmara Municipal, vereador Wanderley Cerqueira (MDB), atribuindo o rompimento à pressão do parlamentar para nomear aliados políticos em cargos-chave da Secretaria de Saúde. Em entrevista à Rádio Cultura na última semana, Flávia afirmou que Cerqueira exigiu a indicação do médico Arilson Arruda, ex-vice da ex-prefeita Lucimar Campos (MDB), para comandar a pasta da Saúde, além da direção do Pronto-Socorro Municipal. A negativa da prefeita, no entanto, desencadeou uma crise política que ameaça a governabilidade na cidade.

O choque por indicações e a "velha política"

Flávia Moretti, relatou que o vereador Wanderley Cerqueira fez as exigências logo após sua eleição. “Me reuni com ele logo após ganhar a eleição. Ele quis que eu nomeasse um secretário de saúde, fez a indicação, e eu falei que não nomearia”, disse a prefeita, classificando a abordagem como prática da “velha política”.

Além de Arilson Arruda, Wanderley também teria pressionado por um nome de sua confiança para comandar o Pronto-Socorro, principal unidade de urgência da cidade. A prefeita, porém, optou por nomear a enfermeira Deisi de Cássia Bocalon Maia, especialista em Saúde Coletiva, para a Secretaria de Saúde. “A Deisi está dando um show na Saúde em Várzea Grande, estamos fazendo um trabalho excepcional. O Wanderley não gostou da minha negativa e relutou”, afirmou Flávia, defendendo a escolha técnica para o cargo.

Risco político e tensão com a Câmara

A decisão de Flávia de rejeitar as indicações de Cerqueira acirrou os ânimos na relação entre o Executivo e o Legislativo. Wanderley Cerqueira, que preside a Câmara, é figura central na articulação política da cidade . O rompimento público coloca a prefeita em uma jogada arriscada, já que o apoio da Casa é crucial para a aprovação de projetos e do orçamento municipal.

Ao expor o conflito, Flávia Moretti não apenas desafia um dos principais líderes da oposição, mas também joga luz sobre as pressões tradicionais que permeiam a política local. “Não coadunei com essa prática”, disse, em referência às indicações por afinidade partidária. A estratégia, porém, pode custar caro: sem o apoio de Cerqueira, a prefeita terá que negociar cada votação com a bancada majoritariamente ligada ao ex-prefeito Kalil Baracat (MDB), que controla parte dos 21 vereadores.

Diálogo frágil e futuro incerto

Apesar da crise, Flávia insiste que mantém diálogo com outros vereadores e está aberta a recebê-los. “Acredito que o diálogo se constrói com o tempo. A maioria [da Câmara] foi da base do Kalil, então é louvável ter essa construção”, disse, em tom conciliatório.

Analistas políticos, no entanto, veem o embate como um teste de fogo para a gestão. Wanderley Cerqueira ainda não se pronunciou sobre as acusações, mas a tensão já reverbera nos corredores da Câmara. Aliados do presidente avaliam retaliações, como a paralisação de pautas prioritárias do Executivo, enquanto a oposição cobra transparência nas nomeações.

O que está em jogo

  • Saúde Pública: A nomeação de Deisi Maia, embora técnica, precisa mostrar resultados rápidos para justificar a escolha da prefeita em meio à pressão por melhorias no setor.

  • Governabilidade: Sem o apoio de Cerqueira, Flávia depende de uma base frágil para aprovar projetos, o que pode emperrar ações como o combate à crise hídrica e a retomada de obras.

  • Imagem política: Ao expor as pressões, Flávia se apresenta como antagonista do "toma-lá-dá-cá", mas corre o risco de ser isolada caso não consiga negociar com outras lideranças.

A guerra aberta entre a prefeita e o presidente da Câmara coloca Várzea Grande em um cenário de instabilidade política, onde cada decisão será um movimento de xadrez. Enquanto isso, a população aguarda para ver se o embate resultará em avanços ou em mais um capítulo de imobilismo na gestão pública.

 

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