"Reforma Tributária pode causar perda de até R$ 8 bilhões para Mato Grosso, alerta governador Mauro Mendes"

O governador Mauro Mendes destacou as perdas previstas para Mato Grosso por conta da Reforma Tributária, aprovada recentemente pelo Congresso Nacional. Durante uma entrevista coletiva no Palácio Paiaguás, ele alertou que o estado será um dos mais impactados negativamente com as mudanças na legislação, que passam a valer integralmente a partir de 2033.

"O Estado de Mato Grosso está com uma receita corrente líquida de R$ 35 Bilhões. A estimativa eˊque a perda deve ser algo em torno de R$ 7 bilhões a R$ 8 bilhões da nossa arrecadação, o que representa uma redução de 20% a 25%", ressaltou o governador.

Mauro Mendes explicou que o prejuízo ocorrerá por dois grandes fatores. O primeiro é a mudança na forma de recolhimento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que passará a ser feito 100% no local de consumo, e não no local de produção. "Nós somos um estado de pouca população e bastante produção. Ou seja, vamos perder toda a arrecadação que tínhamos na produção", afirmou.

O segundo fator é a desoneração completa da cadeia de exportação, que beneficiará principalmente as grandes empresas que vendem produtos brasileiros ao exterior. "O Brasil vai abrir mão de um imposto importante, porque a cadeia completa de todo mundo que exporta, seja no agro, na mineração, em qualquer cadeia exportadora, do início ao final, não vai pagar imposto", criticou.

Para o governador, essa medida é um erro, já que a redução na arrecadação não será acompanhada por uma diminuição do chamado "custo Brasil". "Se as grandes exportadoras vão deixar de pagar, quem vai pagar para compensar? Porque as despesas do país, do salário do servidor, de ter Polícia, de ter Educação, não vão diminuir. E aí, quem vai pagar a mais?", questionou.

Em uma entrevista recente em um podcast, Mendes também destacou que a nova legislação pode dificultar a atração de grandes indústrias para Mato Grosso, já que o estado está distante dos principais mercados consumidores do país. "A partir de 2033, quando a reforma estiver em pleno vigor, vamos enfrentar desafios ainda maiores para competir com outros estados que têm maior população e consumo interno", afirmou.

O governador defendeu que a reforma tributária deveria considerar as particularidades de cada região, especialmente estados como Mato Grosso, que são grandes produtores, mas têm um consumo interno relativamente baixo. "Precisamos de um modelo que não penalize os estados produtores, mas que incentive o desenvolvimento equilibrado de todas as regiões do país", concluiu.