LUCIANA KALIX
Mais uma notícia de feminicídio nos noticiários. Parece pauta assídua, como a do clima, mas não deveria, NUNCA! Um dos grandes males do machismo é a sentença que a mulher carrega de não poder terminar o relacionamento quando assim ela decidir, sem carregar a culpa, o medo e a insegurança.
Eis uma das grandes causas do feminicídio: a não aceitação do término.
Por que ele não a deixa ir? Podemos dizer que é amor? Não, não vamos falar sobre sentimentos, vamos falar sobre as consequências do machismo no término de uma relação, porque amar, a mulher também ama, e quantas vezes elas foram abandonadas e não saíram matando.
Não existe machocídio.
Quantas vezes ouvimos aquela frase “foi comprar um cigarro e nunca mais voltou”, essa frase só cabe ao homem, não é mesmo?
Só ele pode pegar a mala, só ele pode decidir sair da relação sem ser ameaçado, sem ser coagido, sem sofrer violências. A mulher que decide sair da relação é julgada por muitos, inclusive por algumas mulheres, que não sabem o que ela está vivendo dentro de casa.
Até quando as mulheres serão ameaçadas, sofrerão violências e até mortas por terminarem relacionamentos? Até quando os homens se colocarão como proprietários das vidas das mulheres?
Outro fator é que aos homens sempre foram dados direitos ao esquecimento das infidelidades e associado à natureza biológica. Já as mulheres, cabe a eterna crueldade do julgamento da moralidade. Esse pensamento distorcido posto pelo patriarcado insere ainda mais a mulher em riscos de violência, e aos abusos.
Não aguentamos mais ver na televisão imagens de mais uma de nossas ao chão! Lavadas de sangue, ecoam-se ainda os gritos de não, 'NÃO ME MATE NÃO"!
A cultura do patriarcado, a cada dois minutos vitimiza uma mulher ou uma menina, com suas armas estruturais de dominância de um passado nem tão remoto.
Violência descabida!
As Marias, Joanas, Ana, Thays e Elisas, clamam pelas tantas outras que aqui ainda estão, para que tenham seus tormentos e gritos ouvidos!
A solução advém com a intersetorialidade das políticas públicas! Com retrocesso? Mais sangue no chão!
Enquanto cruzam os braços, descruzamos as pernas todas então, no “boca a boca” desconstruindo o machismo, discutindo a desigualdade de gêneros, educando, prevenindo, compartilhando o respeito às escolhas e o principal: O AMOR NÃO MATA, NÃO!
Porque Elisa ainda chora de saudades do filho que não a deixaram criar. Maria da Penha ainda se lembra de quando podia andar. Ana olha com pesar as muitas que ainda choram com medo daqueles que um dia jurou apenas amar.
Não vamos nos calar: chega de nos matar!
Luciana Kalix é psicóloga em Cuiabá.
NOTÍCIA ANTERIOR
PRÓXIMA NOTÍCIA
Em entrevista recente, o secretário da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SEDEC), César Miranda, reafirmou que a minera&c...
Na última reunião da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, o presidente Max Russi destacou a importância da mineraç&ati...
O Flamengo se classificou em primeiro lugar no Grupo D do Mundial de Clubes.
Além da vaga nas oitavas d...
Faça um comentário // Expresse sua opinião...
Veja os últimos Comentários