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PROLIFERAÇÃO DOS CURSOS SUPERIORES

Artigo de opinião do Dr. Gabriel Novis, ex-reitor da UFMT

PROLIFERAÇÃO DOS CURSOS SUPERIORES

A proliferação dos cursos superiores no Brasil tem levado muitos egressos das faculdades a desempenharem tarefas que não exigem formação acadêmica, configurando um evidente desvio ocupacional.

 

Mesmo em áreas tradicionalmente prestigiadas, como Direito, Engenharia Civil e Medicina, a situação não é diferente.

 

Abrir faculdades particulares tornou-se um excelente negócio no país.

 

Cobram-se mensalidades altas e, muitas vezes, utilizam-se do FIES (Fundo de Financiamento Estudantil) como base de sustentação.

 

Os alunos carentes recorrem ao FIES, contraindo dívidas com a Caixa Econômica Federal, que repassa às universidades o valor integral das mensalidades logo no início do ano letivo.

 

Ao concluir a graduação, muitos desses egressos enfrentam dificuldades para ingressar no mercado de trabalho formal.

 

Muitos optam por disputar cargos públicos, mas sem enfrentar concursos.

 

Não conseguindo uma colocação, acabam se submetendo a empregos que não exigem formação superior

 

Um exemplo recorrente é o de motoristas de aplicativos como Uber, formados em áreas como Agronomia, Letras, Engenharia Florestal, Direito, Administração, Engenharia, Jornalismo e outras.

 

Na área da saúde a entrada no mercado de trabalho ocorre em geral pelo SUS, cujas tabelas de remuneração são vergonhosamente baixas.

 

Atualmente o SUS paga cerca de R$ 317,00 por um parto normal e R$ 443,00 por uma cesariana.

 

Uma cirurgia para retirada do estomago custa R$ 496, 52, enquanto uma consulta é remunerada por apenas R$ 10,00.

 

Em contrapartida uma consulta via Unimed alcança R$77,00.

 

Outros procedimentos médicos poderiam ser citados, mas esses exemplos são suficientes para ilustrar o cenário crítico.

 

Enquanto o Brasil não instituir a profissão de médico de Estado, com regulamentações semelhantes às dos militares e do Poder Judiciário, continuaremos a enfrentar esse quadro vergonhoso.

 

Temos uma concentração de médicos nos grandes centros urbanos, enquanto várias cidades do interior permanecem desassistidas, agravadas pelo despejo anual de novos profissionais no mercado, muitos destinados ao subemprego.

 

É urgente a criação da profissão de médico do Estado.

 

Enquanto isso, pagarei R$ 1.800 a um pedreiro com instrução primária para consertar um vazamento no banheiro do apartamento embaixo do meu

 

O serviço levará cerca de quatro horas.  

 

Depois, o gesseiro arrumará o pedaço do teto que foi aberto, e terei que pagar R$ 700 por isso.

 

Curiosamente, os milionários que conheço não possuem curso superior, assim como o Presidente da República.

 

Fica a pergunta: vale a pena estudar para viver no Brasil?

 

Gabriel Novis Neves

13-01-2025

 

via: BAR DO BUGRE: PROLIFERAÇÃO DOS CURSOS SUPERIORES

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