@crsf

'Soberania não se negocia: o Brasil precisa estar acima da polarização'

'Soberania não se negocia: o Brasil precisa estar acima da polarização'

Em tempos de tensões geopolíticas e jogos de poder que transcendem fronteiras, é preciso reconhecer e valorizar lideranças políticas que se posicionam com firmeza, sem se render à polarização ideológica. E reconhecer a coragem de alguns parlamentares que não têm evitado debater temas mais espinhosos.

E, sinceramente, como mulher e cuiabana, mesmo que há algum tempo morando fora do estado, mas todo tempo seguindo a política mato-grossense, inclusive, como jornalista, para mim dentre as vozes mais lúcidas do meu Estado esta a da deputada Gisela Simona.

Aliás, parabenizo a parlamentar pelo seu post nas redes sociais, neste último final de semana, ao repudiar as medidas tomadas pelo presidente americano Donald Trump, de impor tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Mostrando que há momentos em que é preciso atravessar o ruído dos discursos, romper a névoa das ideologias, e lembrar - com a força que vem das raízes, que soberania não se pede — se impõe.

Foi exatamente isso que fez a deputada, ao se posicionar com coragem e lucidez diante do tarifaço, entendendo que as medidas são um 'ataque à soberania política e econômica do Brasil e um gesto inaceitável de hostilidade comercial'.

E que elas - mesmo que a um momento pareçam ter um viés ideológico, não passam de um bem bolado jogo de cena, realizado por um enxadrista político que quer colocar o Brasil, sob pressão, em seu tabuleiro. Já que essa não é uma ação isolada, pois mais de 20 países já foram afetados por medidas semelhantes, muitas das quais foram revistas após pressão diplomática.

Assim, revelando que o objetivo do governo americano é 'gerar reações no cenário econômico global, reposicionar os Estados Unidos em posição de vantagem e forçar negociações com países estratégicos, como o Brasil'.

O impacto dessa medida, anunciada para entrar em vigor em agosto, já movimenta o cenário político e econômico — especialmente em estados como Mato Grosso, onde o agronegócio é mais que um setor: é sustento, é orgulho, é PIB que se impõe.

Sobretudo, porque não há justificativa técnica ou política plausível para esse atrito. O que há é uma tentativa dos EUA de reposicionar-se no xadrez global — e de testar a força de seus oponentes e parceiros.

Diante desta realidade, comungo com o posicionamento da deputada, que este é um momento que exige muito prudência e cautela dos nossos atores políticos para que possamos compreender, com profundidade, as engrenagens da economia global e do papel soberano que o Brasil precisa exercer.

Sobretudo, com a exigência que todas as análises se distanciem das disputas internas ou das interpretações ideológicas, para evitar que possamos cair em armadilhas narrativas.

Desta forma, acredito que neste momento o que o Brasil precisa é negociar com firmeza, com consciência de quem sabe o tamanho que possui e qual é o seu papel na economia global. Claro, com a responsabilidade de não colocar em risco, ou em xeque, uma relação comercial sólida e histórica, que já ultrapassou governos, presidentes e conjunturas.

Mais do que isto, com a lucidez necessária de colocar os interesses da nação acima de paixões momentâneas. Pois em um tempo de narrativas inflamadas, a melhor análise sobre o que a diplomacia brasileira precisa fazer é aquela que se distancia das dicotomias, para que a defesa do país esteja acima de qualquer rótulo. Ou seja, a hora é unirmos em favor da soberania brasileira e deixarmos de lado vaidades e bandeiras partidárias.

E como disse neste último domingo, 13 de julho, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, ao se posicionar sobre o 'tarifaço' em carta intitulada 'Em Defesa da Constituição, da Democracia e da Justiça':

'A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas, pois a oposição e a alternância no poder são da essência do regime. Porém, a vida ética deve ser vivida com valores, boa-fé e a busca sincera pela verdade. Para que cada um forme a sua própria opinião sobre o que é certo, justo e legítimo'.

Jessica Luciana Moreira Brito Nunes é jornalista

Faça um comentário // Expresse sua opinião...

Veja os últimos Comentários

Veja também

MAURO MENDES REAFIRMA APOIO A PIVETTA E DIZ QUE, SE FOR CANDIDATO AO SENADO, SUA CHAPA JÁ ESTÁ PRONTA

MAURO MENDES REAFIRMA APOIO A PIVETTA E DIZ QUE, S...

Em entrevista recente, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), voltou a comentar sobre o cenário sucessório...

Etanol, desmatamento, corrupção e Pix: o que está na mira de Trump

Etanol, desmatamento, corrupção e Pix: o que está...

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos deu início a uma investigação sobre o que eles consideram "prá...

EUA citam Pix como exemplo de decisão do Brasil que prejudicou americanos

EUA citam Pix como exemplo de decisão do Brasil qu...

Pix faz parte da grande lista de reclamações mencionada no processo de investigaç&at...