A justiça francesa desmantela uma vasta rede internacional de lavagem de dinheiro em criptomoedas, envolvendo organizações criminosas e hackers, com operações que atingiram grandes montantes
Na plataforma de mensagens criptografadas Sky ECC, um aplicativo popular entre criminosos, ele era conhecido como "Dark Bank". Por trás desse pseudônimo estava uma figura procurada pela justiça francesa devido ao seu papel como corretor (broker) que "realizava uma atividade de lavagem de dinheiro em uma escala mundial significativa", de acordo com vários documentos judiciais consultados pelo Le Monde.
A atividade deste banqueiro clandestino era dupla. Primeiro, ele colocava fundos em criptoativos à disposição de organizações criminosas, incluindo traficantes de drogas, em troca de seu dinheiro em espécie, o qual ele organizava para ser coletado. Além disso, outras redes, como hackers russos, também recorriam a ele para converter seus criptoativos obtidos com ransomware em dinheiro. O sistema de compensação sem fronteiras operava principalmente na Europa: França, Espanha, Itália, Mônaco, Reino Unido, Países Baixos, Bélgica, além de Turquia e Dubai.
Os valores envolvidos são colossais. Segundo a polícia da Direção Central de Combate à Criminalidade Financeira, 998,8 milhões de dólares (970 milhões de euros) em criptomoeda USDT transitaram pelas contas vinculadas ao Dark Bank entre agosto de 2019 e fevereiro de 2021. O esquema, ainda ativo em 2023, foi responsável pela lavagem de mais de 1 bilhão de euros no total. Depois que o dinheiro em espécie era trocado por criptomoedas, essas últimas "podiam ser convertidas [por] plataformas de câmbio, como a Binance (para mais de 55 milhões de USDT), e depositadas em contas bancárias tradicionais", explicou o Ministério Público de Paris. Essas operações podem ser atribuídas à Binance, que já está sendo investigada na França por falhas em sua política de combate à lavagem de dinheiro.
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A investigação judicial sobre o Dark Bank, aberta em março de 2023 pelo Ministério Público de Paris e pela jurisdição nacional responsável pelo combate à criminalidade organizada (Junalco), aborda principalmente os crimes de "lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas", "ataques a sistemas de tratamento automatizado de dados" (cyberataques) e "associação criminosa", cometidos tanto no território francês quanto internacionalmente.
A desarticulação dessa rede evidencia a crescente sofisticação e a abrangência das operações de lavagem de dinheiro por meio de criptomoedas, além de destacar o papel crucial das autoridades internacionais na luta contra o crime organizado global. Com as investigações ainda em curso, o caso do Dark Bank serve como um alerta para a necessidade de reforçar o controle e a regulamentação no setor de criptomoedas, a fim de impedir o uso dessas tecnologias para atividades ilícitas.
Referência: Le Monde
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