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Trump ameaça operações terrestres contra Venezuela ‘em breve’; China condena sanções estadunidenses

China se opõe a qualquer interferência externa nos assuntos internos da Venezuela sob qualquer pretext

Trump ameaça operações terrestres contra Venezuela ‘em breve’; China condena sanções estadunidenses

Presidente dos EUA Donald Trump participa de uma chamada com militares americanos de seu clube Mar-a-Lago, na Flórida, no Dia de Ação de Graças, em 27 de novembro de 2025, em Palm Beach, Flórida.

| Crédito: Pete Marovich/Getty Images/AFP

 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (28) que operações militares terrestres contra supostos “traficantes venezuelanos” começarão “em breve”. A declaração foi feita durante discurso a militares estadunidenses no Dia de Ação de Graças em sua residência em Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida, em videoconferência com unidades militares, incluindo a 7ª Ala de Bombardeio da Força Aérea na Base Dyess.

“Estamos começando a detê-los por terra também. A terra é mais fácil, mas isso vai começar muito em breve. Nós os avisamos: parem de enviar veneno para nosso país”, disse Trump aos militares, comandados pelo Coronel Seth W. Spanier.

O presidente republicano afirmou que as ações navais já teriam reduzido em 85% a entrada de drogas por mar. “Vocês provavelmente notaram que as pessoas não querem mais fazer entregas por mar”, disse. Trump não forneceu detalhes operacionais sobre como seriam conduzidas as ações terrestres anunciadas.

Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta sexta-feira (28), em Pequim, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, foi questionada por jornalista da Hubei Broadcasting sobre a classificação estadunidense do suposto “Cartel de Los Soles” como organização terrorista e as sanções impostas contra autoridades venezuelanas, incluindo o presidente Nicolás Maduro.

“A China sempre se opôs a sanções unilaterais sem a autorização do Conselho de Segurança da ONU e sem fundamento no direito internacional, opõe-se à interferência de forças externas nos assuntos internos da Venezuela sob qualquer pretexto e insta os Estados Unidos a suspenderem as sanções unilaterais ilegais e a tomarem mais medidas que contribuam para o desenvolvimento pacífico e estável da América Latina e do Caribe”, declarou Mao Ning.

A porta-voz chinesa reafirmou o posicionamento de Pequim em defesa da soberania venezuelana e do princípio de não-intervenção.

Escalada militar no Caribe

O governo estadunidense intensificou nos últimos meses sua presença militar no Caribe sob alegação de combate ao narcotráfico. Os ataques a embarcações já deixaram mais de 80 mortos na região desde o início das operações.

A administração Trump classificou em novembro como organização terrorista o suposto “Cartel de Los Soles“, que Washington afirma ser liderado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro.

A designação foi publicada no Registro Federal estadunidense pelo secretário de Estado, Marco Rubio, sem apresentar documentação que comprove a existência do grupo. A medida ampliou o escopo de sanções diplomáticas e atuação de agências de inteligência dos Estados Unidos.

O governo venezuelano rejeitou a classificação. Em comunicado divulgado pelo ministro de Relações Exteriores, Yván Gil, Caracas qualificou a designação como manobra para justificar uma intervenção no país. “A Venezuela rejeita de maneira categórica, firme e absoluta” a decisão do secretário Marco Rubio, afirmou o comunicado, definindo o suposto cartel como “inexistente”.

A operação militar no Caribe mobilizou oito navios e um submarino desde maio, quando o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Peter Hegseth, anunciou a “Operação Lança do Sul”. Os Estados Unidos também realizaram treinamentos militares em Trinidad e Tobago, arquipélago localizado a 10 quilômetros da costa venezuelana, provocando crise diplomática com Caracas.

O presidente venezuelano suspendeu acordos energéticos com o país e mobilizou as Forças Armadas venezuelanas, além de convocar alistamento na Milícia Nacional Bolivariana.

A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) emitiu declaração em sua 4ª Cúpula conjunta com a União Europeia, realizada em Santa Marta, na Colômbia, rechaçando “a ameaça ou uso da força” na região, sem mencionar diretamente os Estados Unidos. Segundo Kaja Kallas, vice-presidente da Comissão Europeia, não houve consenso entre os países para citar o governo Trump no documento.

O governo venezuelano estuda acionar o “estado de comoção exterior“, instrumento constitucional previsto no artigo 338 da Constituição de 1999 que permite ao presidente tomar medidas excepcionais para garantir a defesa territorial. A medida pode durar até 180 dias e autoriza restrições temporárias de garantias, exceto direitos fundamentais como vida, devido processo legal e proibição de tortura.

 

Fonte: BRASIL DE FATO

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