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Quem é o craque cuiabano convocado pela Seleção Brasileira

Reportagem conversou com o avô e o antigo treinador de Igor Jesus, que atua no Botafogo

Quem é o craque cuiabano convocado pela Seleção Brasileira

GIORDANO TOMASELLI

DA REDAÇÃO

A convocação da Seleção Brasileira para os próximos dois jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo foi muito festejada por uma família de Cuiabá. 

 

Na sexta-feira (27), em meio a lista de convocados, o treinador Dorival Jr. chamou o cuiabano Igor Jesus, atacante titular do Botafogo, líder do Campeonato Brasileiro.

 

Ele fez um gol contra nós e nos chamou a atenção. Aí fizemos o convite para ele fazer parte da Brasil Central e ele aceitou

Com seis gols e uma assistência em 17 jogos no time carioca, ele vem se destacando, principalmente por marcar em partidas decisivas.

 

Igor Jesus Maciel da Cruz, de 23 anos, camisa 99 do Botafogo, é natural do bairro Praeirinho, na Capital.
 

Muitos se surpreenderam com o bom desempenho e a convocação. Outros, no entanto, já anteviam que o sucesso um dia chegaria. É o caso do avô José Maciel Araújo e de seu ex-treinador na adolescência, Delrik Brunne, que sempre notaram o potencial no jogador.

 

Infância humilde

 

Delrik era treinador na escolinha de futebol Brasil Central Esporte Clube, onde Igor treinou no fim da infância e início da adolescência. Foi ele quem cooptou a futura estrela para a escolinha.

 

“Estávamos em um amistoso entre a Brasil Central e o projeto ali do bairro Praeirinho. Ele fez um gol e nos chamou a atenção. Aí fizemos o convite para ele fazer parte da Brasil Central. E ele aceitou”, conta o treinador.

 

Lá o garoto continuou se destacando. Mantinha a disciplina rígida nos treinamentos e só faltava quando a mãe notava algum desempenho ruim nos estudos.

 Giordano Tomaselli/MidiaNews

Especial Igor Jesus

Delrik Brunne, treinador que descobriu Igor Jesus

 “A dedicação dele era imensa. Acordava às 6h da manhã e estava pronto para ir. Não tinha nada que segurava. Se não o levasse, ele iria sozinho. É um garoto muito esforçado, graças a Deus”, diz o avô.

 

Pela distância, ele dependia de carona para ir até a escolinha, muitas das vezes dada pelo próprio treinador. Com os colegas, era bem tímido, mas dedicado em campo.

 

Ele era muito próximo do avô, que há 30 anos trabalha na Feira do Peixe do bairro Praeirinho, onde são conhecidos por todos. Seu José conta que antes de ser atacante, o menino Igor jogava no gol, apesar da baixa estatura.

 

“Era muito pequenininho, cabeçudinho. Aí colocamos o apelido de 'Sapinho'”, brinca.

 

Depois de um tempo, o garoto abandonou o gol e, para a alegria dos botafoguenses, começou a jogar no ataque. Segundo Delrik, ele se destacava pela força, altura e qualidade nas finalizações.

 

Carreira

 

No início da adolescência, começou a fazer testes nos grandes clubes. Primeiro no Grêmio e depois no Fluminense, mas não conseguiu ser aprovado em nenhum deles.

 

Não desistiu e viajou até Curitiba (PR) para fazer mais um teste, desta vez no Coritiba. Lá, foi aprovado ainda aos 14 anos, tendo de deixar sua casa cedo para ir atrás de seu grande sonho.

 

Ele era muito pequenininho, cabeçudinho. Aí colocamos o apelido de sapinho

Logo após chegar, foi campeão de uma competição marcando gol na final, contra o Grêmio, e despertou o interesse do time gaúcho. Dois anos depois, foi o Fluminense que veio atrás, mas aí já era tarde demais para ambos, pois ele já era atleta do Coxa.

 

Morando em Curitiba ainda bem jovem e sem condições de viajar com constância para Cuiabá, a distância da família foi bem difícil para ele e para quem ficou.

 

“Eu sei que não é fácil pra ninguém. Não é fácil pra família, pro pai, pra mãe, pra ninguém é fácil. Mas graças a Deus ele é um guri guerreiro porque viver sozinho, longe da família, durante todo esse tempo, é difícil”, reconhece o avô.

 

O ex-treinador destacou a força que Igor teve mesmo tão jovem. “Nessa transição para a adolescência, morar fora, longe da família, não é fácil, né? Alojamento, ficar confinado, aquela coisa toda... O menino tem que estar com a mente em dia, e ele sempre foi um atleta mentalmente forte”, conta Delrik.

 

O treinador lembrou também de uma frase que o jovem disse ainda na adolescência, quando quase teve de voltar para casa. Hoje, a fala motiva muitos alunos de Delrik, que se inspiram em Igor e sonham em chegar tão alto quanto ele.

 

“Teve uma lista de dispensa do Coritiba uma vez e aí eu lembro que ele falou bem assim pra mim: ‘Eu não posso voltar para casa, para Cuiabá, porque minha família é simples, é humilde, e eu vou lutar aqui para vencer’. Essa frase me marcou. Ele ainda era uma criança de 16 anos. Então foi marcante e a gente usa aqui para motivar os outros atletas”.

 

Aos 18, ele já era jogador profissional do Coritiba. Ficou no time paranaense até 2020, quando foi transferido para o Shabab Al-Ahli, dos Emirados Árabes Unidos.

 

Ascenção e sucesso 

 

Após quase quatro anos jogando no Oriente Médio, Igor Jesus teve a oportunidade retornar ao Brasil, desta vez para o Botafogo. Em julho de 2024 assinou como clube carioca.

 

É no Fogão que ele vem ganhando notoriedade. O time carioca é líder da série A e acabou de se classificar para as semifinais da Libertadores.

  

Toda essa visibilidade combinada com boas atuações rendeu a ele a convocação para a Seleção Brasileira, estando à disposição do técnico Dorival Júnior para os próximos dois desafios nas Eliminatórias da Copa do Mundo, nos dias 10 e 15 de outubro, contra Chile e Peru, respectivamente.

 

“Precisamos ampliar um pouco mais o leque de observações. Chegamos ao nome do Igor que vem se destacando, fazendo um ótimo Brasileiro na equipe líder da competição”, disse Dorival.

Giordano Tomaselli/MidiaNews

A barraca do seu José na Feira do Peixe

A barraca do avô, na Feira do Peixe, no Praeirinho

 

A expectativa era enorme de Delrik e de seu José, já que no início da semana ele já estava entre os nomes da pré-lista enviada à Fifa.

 

“Ele merece, não que os outros não merecem, mas ele está numa boa fase também e eu acredito que vai aproveitar essa oportunidade de defender a Seleção Brasileira”, disse Delrik.

 

“Eu só tenho orgulho e rezo para que Deus ilumine o caminho dele. Sempre inteligente, humilde, mas sempre batalhando para conseguir o que ele quer na vida”, encerra o avô.

 

Sempre que pode, Igor retorna a Cuiabá para rever amigos e família, como na última data Fifa, em agosto. Mesmo tímido, visita a escolinha de Delrik, da qual é “padrinho”, trazendo bolas e material esportivo. Nas visitas, conversa e dá conselhos para os garotos.

 

A família melhorou de vida, tem casa nova e mantém contato diariamente com o craque. Apesar disso, seu João continua fazendo o que gosta, trabalhando diariamente na Feirinha do Peixe, onde grande parte de seus clientes não imagina que o neto do humilde feirante de quem comprou o pescado é o mais novo convocado da Seleção Brasileira de futebol.
 

Fonte:MidiaNews.com.br

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